sexta-feira, 28 de agosto de 2009

No balanço da Black Music

Como o megagênero que influenciou o politizou mundo da música surgiu, não deixando ninguém mais parado.

Por Rodrigo barreiros

A Black Music como conhecemos é um estilo que se popularizou mundialmente entre as décadas de 50 e 70, se diversificando através incontáveis segmentos, como se fossem galhos, de uma mesma árvore musical, a Black Music, que se misturou a outras influências e gerou frutos musicais dos mais diversos.

As raízes dessa árvore nasceram entre os séculos XVII e IX, enquanto escravos africanos em solo norte americano entoavam cânticos de lamentação e louvor a Deus, narrando seu sofrimento e seu passado como forma de expressão. Esses cantos foram transmitidos oralmente de geração em geração, sem qualquer registro, mas gravados nos sentimentos do povo negro. Mais tarde, já após a abolição, um gênero rural surgiu no Sul dos Estados Unidos. De letras melancólicas, narrava o estilo de vida duro e angustiante que os agora trabalhadores negros levavam diariamente. Nascia ali o Blues.

Décadas após a abolição, já no século XX a rotina da população negra dos Estados Unidos ainda era de privação e sofrimento. As oportunidades de diversão residiam nos fins de semana, onde aos sábados, esses trabalhadores se divertiam nos bailes e aos domingos, quando a opção disponível era a igreja, onde a evolução daqueles cantos de louvor era verbalizada através dos corais. Nos bailes de sábado, o som predominante era o Blues, cujos intervalos possuiam sessões de improvisação que mais tarde se tornariam o Jazz. Da fusão entre o Jazz, o Blues e o tipo de vocalização existente nos corais, o Gospel, nasceu o Rythm Blues, ritmo que chamou para dançar os negros e brancos da época, se popularizando pelo mundo.

Mesmo com a paternidade assumida do Rock N Roll, por se tratar da fusão da Black Music ao country, o gênero não representava os anseios e a expressão dos artistas negros da década de 50. Somente na década seguinte, foi que a Soul Music surgiu, à partir de artistas como Ray Charles e Sam Cooke, aliando toda a herança dos ritmos anteriores à fundação de importantes gravadoras como a Motown e a Alantic, constituindo uma indústria fonográfica independente, que passaria a lançar os artistas da época. Esse período contou com uma importante mobilização social e política em favor dos direitos dos negros e o fim da segregação racial nos Estados Unidos, com responsáveis como Martin Luther King e o movimento Black Power.

Da mesma forma que os movimentos sociais cresciam, a Soul Music se agigantava com nomes como Marvin Gaye, de sucessos como Let’s Get it On e Sexual Healing e Aretha Franklin, com Respect e I Say a Little Prayer. Em meados dos 70, considerado o padrinho da Soul Music, James Brown reinventa o estilo Soul Music, influenciado pelo rock de artistas como Little Richads e Chuck Berry. Nascia ali o Funky, ritmo que trazia uma forma alucianada de dançar e ênfase para a percussão e o Baixo, como nos clássicos Sex Machine ou I Got You(I Feel Good) influenciando mais tarde, estilos como o hip hop e a disco music.

A psicodelia do final dos anos 60 e 70 também marcou a Black Music. Nomes como Geoge Clinton & Funkadelic, Kool and The Gang, além de Jackson 5, com sua maneira coreografada de dançar e roupas coloridas marcaram a época e infkuenciaram Black Music. Contudo, baladas romanticas de nomes como Stevie Wonder, Marvin Gaye e Barry White ainda eram os hits da época. Na década de 80, o Pop foi o grande propulsor da Black Music, com nomes como Michael Jackson, Prince e Diana Ross, tornando mais do que nunca o estilo popular. Mas a década não viveu só de Pop. Grupos de Rap Public Enemy e Run DMC surgiram, trazendo o engajamento das décadas anteriores à tona novamente.

Nos anos 90, artistas como Living Colour e Lenny Kravitz surgiram, diretamente influenciados por George Clinton, Prince, além do Rock N Roll e Heavy Metal, mais uma vez misturando estilos e recriando o gênero. Nos anos 2000, mais uma vez o POP ganha espaço com nomes como Beyoncé e Kanye West. Mas toda a luta racial parece ter surtido efeito e em 2008, o primeiro presidente negro da história dos Estados Unidos, Barak Obama,é eleito, tornando mais verdadeiro o sonho que Martin Luther King teve um dia. Em qualquer canto do mundo, quando houver um coração partido ou um povo oprimido, haverá um blues, haverá um sonho, haverá o balanço e força da Black Music.

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